PortuguêsTipologia textual
- (Colégio Pedro II 2022)
TEXTO 3
Catar feijão
Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra .São Paulo: Alfaguara, 2008.
O texto de João Cabral de Melo Neto é
A) uma crônica, visto que os gestos e atos do autor ressaltam e atualizam os riscos de catar feijão.
B) uma poesia, já que há dois versos, dezesseis estrofes e intenso uso da linguagem conotativa.
C) uma prosa poética, pois o verbo catar é metáfora de selecionar, considerando o uso da língua.
D) um poema, porque o eu lírico aborda questões subjetivas como o próprio fazer poético.
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