PortuguêsSintaxe
- (CONTEMAX 2022)
A arte
A arte acompanha o ser humano desde
sempre. Defini-la, contudo, é tarefa difícil. Sobre ela
não existe um conceito universalmente pacífico. Os
clássicos buscavam entendê-la. Aristóteles a conceitua
como disposição permanente para produzir coisas de
um modo racional. Platão, por sua vez, como
capacidade de fazer algo por meio da inteligência,
através de um aprendizado. A arte para ele tem na
capacidade criadora do ser humano seu sentido geral.
O Renascimento proporcionou mudança na
mentalidade conceitual da arte ao separá-la dos ofícios
e das ciências. À época a poesia, por exemplo, passou
a ser considerada arte ao invés de um tipo de filosofia
ou mesmo profecia. A partir daí nota-se inclusive uma
melhora na percepção e na situação social do artista,
pois os nobres e os ricos europeus aguçaram seus
interesses pela beleza. A arte consagra-se como um
objeto de consumo estético da nobreza e das altas
classes sociais.
O romantismo culminou no século 19 com a
ideia de que a arte surge espontaneamente do
indivíduo, pois a obra artística emerge do interior do
artista e de sua própria linguagem natural. Valoriza-se
a sensibilidade e a fantasia. Arthur Schopenhauer
afirmou que a arte é uma via de escape do estado de
infelicidade do próprio homem, já que a arte é a
reconciliação entre a vontade e a consciência, entre o
objeto e o sujeito, alcançando um estado de
contemplação, de felicidade. Finalmente, a arte fala o
idioma da intuição, não o da reflexão. É ela uma forma
de liberar-se da vontade, de ir além do eu.
O esteticismo de finais do século 19 é uma
reação ao materialismo advindo com a Revolução
Industrial. Charles Baudelaire aponta vir a beleza da
paixão e, como cada indivíduo tem sua própria paixão,
também tem seu próprio conceito de beleza. Para ele
o artista é o herói da modernidade, cuja qualidade
principal é a melancolia, que é o anseio pela beleza
ideal.
No Brasil, entre 11 e 18 de fevereiro de 1922,
artistas propuseram uma nova visão de arte à luz de
uma estética inovadora inspirada na vanguarda
europeia, evento esse que, embora nascido em São
Paulo, ficou nacionalmente conhecido como a Semana
da Arte Moderna: uma manifestação artística cultural
que reuniu apresentações de danças, esculturas,
músicas, poesias e recitais. Uma ação que impactou e transformou a arte modernista brasileira. Tratou-se,
não há dúvidas, de uma emancipação estética
patrocinada por artistas, escritores, músicos e pintores.
Se para São Tomás de Aquino a arte é o reto
ordenamento da razão, para Pablo Picasso, a arte é a
mentira que nos ajuda a ver a verdade. Ambos estarão
certos. Quiçá, por isso, se aceita o conceito de arte
englobar todas as criações realizadas pelo ser humano
para expressar sua visão mais sensível acerca do
mundo, seja real ou imaginário. Através da arte o ser
humano expressa ideias, emoções, percepções e
sensações. Em consequência, a arte liberta e
emancipa.
A arte engloba arquitetura, cinema, dança,
desenho, escultura, fotografia, literatura, música,
pintura, poesia. Hoje em dia, em pleno século 21, até
mesmo a televisão, a moda, a publicidade e os
videojogos são por muitos considerados como
manifestações artísticas. Segundo René Huyghe, a
arte e o homem são indissociáveis. Não há arte sem
homem, muito menos homem sem arte. O ser isolado
ou a civilização que não chega à arte estão
ameaçados por uma secreta asfixia espiritual, por uma
turbação moral. Para a Unesco, a arte é chave para
formar gerações capazes de reinventar o mundo
herdado. Ela reforça a vitalidade das identidades
culturais e promove a relação com outras
comunidades.
A arte é a capacidade humana de criação. É a
expressão ou aplicação de habilidades criativas e a
imaginação para criar obras que são apreciadas
principalmente por sua beleza, intelecto ou poder
emocional. Seus resultados são obtidos por distintos
meios. A arte de cozinhar, de pintar quadros, de
grafitar, as artes plásticas, a arte de compor (poemas e
partituras musicais), a gravura, a impressão de livros e,
até mesmo, atrelados a um conceito mais severo,
meios hoje em dia causadores de grande repulsa
social, como a caça e a guerra, podem ser
considerados como arte. O ser humano e a arte estão
rigorosamente conectados. A arte liberta. E,
atualmente, a arte de viver cada vez mais se faz
indispensável para a emancipação humana.
Renato Zerbini Ribeiro Leão. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/opini
ao/2020/01/26/internas_opiniao,823467/artigo-aarte.shtml (Adaptado)
Analisando os períodos abaixo retirados do texto, pode-se identificar que houve inversão dos termos sintáticos em:
A) “A arte acompanha o ser humano desde sempre.” (1º parágrafo).
B) “A arte para ele tem na capacidade criadora do ser humano seu sentido geral.” (1º parágrafo).
C) “O Renascimento proporcionou mudança na mentalidade conceitual da arte (...)” (2º parágrafo).
D) “A arte consagra-se como um objeto de consumo estético da nobreza e das altas classes sociais.” (2º parágrafo).
E) “O esteticismo de finais do século 19 é uma reação ao materialismo advindo com a Revolução Industrial.” (4º parágrafo).
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