PortuguêsOrações subordinadas substantivas: subjetivas objetivas diretas objetivas indiretas...
- (FEPESE 2022)
Leia o texto.
Notícias de um abraço
O homem anda tão brutalizado nas cidades, seus malfeitos tão disseminados em nosso meio que, um belo
dia, um gesto de afeto chamará “dramaticamente” a
atenção das pessoas. Diante de um “abraço” – o ato de
um ser humano enlaçar o outro e trazê-lo para junto
do peito –, o homem surpreso indagará:
– O que é isso?
E aí, na contramão das manchetes, os jornais publicarão a notícia de um “abraço”.
Ou de um “beijo”: “Cientistas do comportamento
humano, dois psiquiatras, um dermatologista e uma
assistente social estudam a natureza do gesto que
chamou a atenção do Brasil, ontem, em Florianópolis,
Santa Catarina. Um homem e uma mulher, num banco
da Praça XV de Novembro, no coração da cidade, aproximaram os seus troncos, um de frente para o outro. E
culminaram o seu estranho comportamento unindo
os lábios – e os comprimindo num ato que chamou a
atenção de fotógrafos e passantes. A 3ª Delegacia de
Polícia do bairro não chegou a deter os protagonistas
pelo gesto bizarro, nem os indiciou em qualquer conduta suscetível do enquadramento penal.
Nesta época de tanto desamor, tanta crueldade, em
que a tortura deixa as masmorras para exercer sua
infâmia à luz do sol, espanta que os pelourinhos não
retornem às praças públicas, para que todos presenciem o homem em seu estado animal, açoitando o
próprio homem.
Nesses tempos de miséria e vilania, em que tapas
ecoam nas esquinas com sonoplastia de radioteatro,
(…) convoco toda a humanidade a falar de abraços e
beijos.
Um beijo, segundo os pesquisadores do amor, põe em
circulação hormônios que desencadeiam sensações
de bem-estar e alegria, mitigando a dor, como uma
espécie de morfina.
Não por acaso as mães beijam o “dodói” das criancinhas que tropeçam e caem – e já se levantam, reanimadas pelo milagre do “beijo”
O ato de pousar os próprios lábios nos de alguém a
quem muito queremos, imprimindo-lhes um movimento de sucção, não é apenas um gesto afetivo: é
também um gesto terapêutico.
Segundo os citologistas de plantão, especialistas em
pele, o beijo é uma das melhores formas de se evitarem as rugas e de se fazer “ginástica facial”, já que põe
em movimento nada menos do que 29 músculos.
Trata-se, portanto, do verdadeiro halterofilismo labial.
Ainda no campo dos benefícios estéticos, já está
provado que o beijo “ emagrece ”. Sim, quem muito
beija dificilmente deixará de ser esbelto – pois o beijo
obriga o organismo a consumir cerca de 12 calorias
por unidade bem estalada e até 28 calorias se o beijo
é daqueles cinematográficos, de desentupir pia.
Quanta energia, quanta vitamina num beijo só! Com
tantas propriedades, não há de ter sido por mero
acaso que o beijo se tornou o afago mais praticado na
história da humanidade.
Dele, já dizia “William”, o poeta de Stratford-on-Avon:
— Um beijo remove montanhas, constrói reinos, dissipa impérios…
E o magnífico poeta negro, o verdadeiro Iluminado ,
Cruz e Sousa, um dia suspirou pelo beijo de um amor
secreto e platônico:
— Beija-me e serei teu príncipe, em noite de
plenilúnio…
Claro, não faltariam os “espíritos de porco”, como o
poeta espanhol La Serna.
Sobre esse nobre carinho, ele estalou os beiços e atirou com desdém:
— Às vezes, o beijo não passa de um chiclete
compartilhado…
E daí? — pergunto eu. Se for o chiclete da bem-querença, que mal faz?
Masquemos todos, homens e mulheres, essa doce e
reparadora saliva do amor, esse halter labial que ainda
pode salvar a humanidade.
Sergio da Costa Ramos – adaptado
Assinale a alternativa em que a relação semântica entre as orações está corretamenteidentificada entre parênteses.
A) Esse halter labial que ainda pode salvar a humanidade. (consequência)
B) Beija-me e serei teu príncipe, em noite de plenilúnio. (conclusão)
C) Um beijo, segundo dizem os pesquisadores do amor, põe em circulação hormônios… (conformidade)
D) Quem muito beija dificilmente deixará de ser esbelto, pois o beijo obriga o organismo a consumir cerca de 12 calorias. (causa)
E) Se for o chiclete da bem-querença, que mal faz? (comparação)
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