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PortuguêsAnálise sintática (4)


EXERCÍCIOS - Exercício 50

  • (CESPE / CEBRASPE 2021)

Texto CG1A1

Na casa vazia, sozinha com a empregada, já não andava como um soldado, já não precisava tomar cuidado. Mas sentia falta da batalha das ruas. Melancolia da liberdade, com o horizonte ainda tão longe. Dera-se ao horizonte. Mas a nostalgia do presente. O aprendizado da paciência, o juramento da espera. Do qual talvez não soubesse jamais se livrar. A tarde transformando-se em interminável e, até todos voltarem para o jantar e ela poder se tornar com alívio uma filha, era o calor, o livro aberto e depois fechado, uma intuição, o calor: sentava-se com a cabeça entre as mãos, desesperada. Quando tinha dez anos, relembrou, um menino que a amava jogara-lhe um rato morto. Porcaria! berrara branca com a ofensa. Fora uma experiência. Jamais contara a ninguém. Com a cabeça entre as mãos, sentada. Dizia quinze vezes: sou vigorosa, sou vigorosa, sou vigorosa — depois percebia que apenas prestara atenção à contagem. Suprindo com a quantidade, disse mais uma vez: sou vigorosa, dezesseis. E já não estava mais à mercê de ninguém. Desesperada porque, vigorosa, livre, não estava mais à mercê. Perdera a fé. Foi conversar com a empregada, antiga sacerdotisa. Elas se reconheciam. As duas descalças, de pé na cozinha, a fumaça do fogão. Perdera a fé, mas, à beira da graça, procurava na empregada apenas o que esta já perdera, não o que ganhara. Fazia-se pois distraída e, conversando, evitava a conversa. “Ela imagina que na minha idade devo saber mais do que sei e é capaz de me ensinar alguma coisa”, pensou, a cabeça entre as mãos, defendendo a ignorância como a um corpo. Faltavam-lhe elementos, mas não os queria de quem já os esquecera. A grande espera fazia parte. Dentro da vastidão, maquinando.

Clarice Lispector. Preciosidade . In : Laços de Família .

Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 86-87 (com adaptações).


No trecho “Foi conversar com a empregada, antiga sacerdotisa”, do texto CG1A1, a expressão “antiga sacerdotisa”


A) exerce a função de complemento indireto de “conversar”, introduzindo uma nova personagem que participa da conversa na cozinha.

B) exerce a função sintática de aposto e se refere à expressão “a empregada”.

C) constitui uma oração coordenada, embora não seja introduzida pela conjunção “e”.

D) funciona sintaticamente como predicativo, uma vez que se refere ao sujeito de “Foi”.

E) classifica-se como um vocativo, por se referir a uma possível leitora do texto.


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