LiteraturaTeoria literária

• (IF Sul Rio-Grandense 2021)

Bosi (2006) faz uma análise sob a perspectiva de Lucien Goldmann, que propõe uma abordagem genético-estrutural do romance tendo como ponto de partida a tensão entre o escritor e a sociedade. Ao estabelecer essa tensão como dado existencial primário, Goldmann define uma “hipótese explicativa do romance moderno, na sua relação com a totalidade social”, em que o romance se funda na oposição ego e sociedade. Dessa hipótese, deriva uma classificação que estabelece a existência de romances em que o herói ou empreende uma busca por valores pessoais que vençam a hostilidade do meio em que vive, como em Dom Quixote, ou se fecha em si mesmo, como em A Educação Sentimental, de Flaubert, podendo, ainda, aprender a viver, como em Wilhelm Meister, de Goethe.
Uma revisão do esquema de Goldmann possibilita a análise do romance brasileiro moderno, após 1930, a partir da observação de um grau crescente de tensão entre o herói e o seu meio.
Sobre essa análise, é INCORRETOafirmar que



A) nos romances de tensão mínima, existe o conflito como oposição verbal ou, eventualmente, sentimental. As personagens não se destacam do meio e há um empenho em manter as circunstâncias situadas e datadas, com grande importância ao espaço e ao tempo histórico ocupados pelo herói.

B) na obra de Clarice Lispector, o herói almeja ultrapassar, pela via do mito ou da metafísica, o conflito que o constitui existencialmente, falhando no decorrer do processo, o que promove uma tensão irresoluta.

C) nos romances de tensão crítica, o herói resiste e se opõe às pressões, tanto da paisagem quanto do meio social, como nas obras “Usina” e “Fogo Morto”, de José Lins do Rego.

D) na obra de Lygia Fagundes Telles, percebe-se que o herói se volta para o seu íntimo e, assim, evade-se do conflito, constituindo-se narrativas em que a tensão entre herói e meio é interiorizada.

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