LiteraturaEscolas literárias
- (IDIB 2020)
TEXTO II
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
Disponível em -Memórias Inventadas – As Infâncias de
Manoel de Barros – Manoel de Barros – Editora Planeta, 2008, p.45.
O escritor sul-mato-grossense Manoel de Barros é um dos grandes poetas da literatura brasileira. Com relação ao período literário do qual participou e às características de sua obra, é correto afirmar que
A) pertenceu à 1º fase do Modernismo, afrontando as normas gramaticais e quebrando as regras estilísticas parnasianas.
B) pertenceu à 2ª fase do Modernismo, adotando o regionalismo e retratando a vida do homem sertanejo em toda a sua plenitude.
C) pertenceu cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, trabalhando temas como a natureza e o cotidiano.
D) pertence à literatura contemporânea, já que começou a escrever em 1987, publicando o livro “O guardador de águas”.
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