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PortuguêsNoções gerais de compreensão e interpretação de texto (8)


EXERCÍCIOS - Exercício 240

  • (FCC 2010)

Nos anos 90, o Brasil estabilizou sua economia e deslanchou
um importante processo de reformas estruturais, com o
forte impulso dado à privatização e à reorientação da política
social. Tais mudanças, não é preciso repetir, deram-se como
resposta ao precedente modelo de crescimento via substituição
de importações, por um lado, e à aceleração da globalização,
por outro. Esse conjunto de transformações alterou profundamente
as percepções e estratégias "normais" de ascensão social,
cujo horizonte deixa de ser apenas individual para tornar-se
coletivo. De fato, milhões de brasileiros passam a experimentar
a mobilidade social em um contexto de mudança no plano das
identidades coletivas; de mudanças que dizem respeito não
apenas a taxas ou a padrões individuais de mobilidade, mas ao
próprio sistema de estratificação social. A classe C deixa de ser
"baixa" e começa a ser "média", disputando espaço com os estratos
situados imediatamente acima dela - ou seja, as classes
médias tradicionais.
Na análise da ascensão da classe C, a questão central
é a da sustentabilidade. Se a nova classe média resulta, em
grande parte, do encurtamento de distâncias sociais em função
da difusão do consumo, como irão seus integrantes gerar a renda
necessária para sustentar os novos padrões? Serão sustentáveis
? ou antes, sob que condições serão sustentáveis - os
índices de expansão do que se tem denominado a "nova classe
média"?
Dada a extrema desigualdade no perfil brasileiro de
distribuição de renda, os bons e os maus caminhos bifurcam-se
logo adiante. Por um lado, por si só a megamobilidade social a
que fizemos referência implica redução das desigualdades de
renda. Por outro, o risco de fracasso é alto, o que significa estagnação
e, no limite, dependendo de circunstâncias macroeconômicas,
até regressão na tendência de melhora na distribuição
de renda.
Deixando de lado a dinâmica macroeconômica, concentramos
nossa atenção em fatores ligados à motivação e à
autocapacitação (denominados fatores weberianos) na formação
de novos valores sociopolíticos.
De fato, o crescimento econômico dos últimos anos
traduziu-se em forte expansão da demanda por bens e serviços.
Mas as oscilações da renda familiar geradas por empregos
pouco estáveis ou atividades por conta própria sinalizam dificuldades
para as faixas de renda mais baixa manterem o perfil de
consumo ambicionado. Endividando-se além do que lhes permitem
os recursos de que dispõem, as famílias situadas nesse
patamar defrontam-se com um risco de inadimplência que passa
ao largo das famílias da classe média estabelecida.

(Amaury de Souza e Bolívar Lamounier. O Estado de
S. Paulo
, Aliás, J5, 7 de fevereiro de 2010, com adaptações)


As questões colocadas no 2º parágrafo


A) buscam apenas comprovar a existência de fatores econômicos mais sólidos que levaram à redução das diferenças de classe social no Brasil, sustentada pela expansão do consumo.

B) refletem as incertezas que surgem em relação à sustentabilidade dos novos padrões de consumo, decisivos para a ascensão social de boa parte da população brasileira.

C) pressupõem respostas negativas quanto à importância que se atribui à mobilidade social no Brasil, pois não se constata verdadeira redução das desigualdades de renda na maior parte da população.

D) antecipam possíveis consequências de inadimplência da população de baixa renda, em virtude do estímulo a um consumo descontrolado de bens, nem sempre tão importantes nem necessários.

E) criam possíveis dúvidas a respeito da validade dos dados que apontam uma espantosa mobilidade social no Brasil, cercados de questionamentos ainda sem resposta efetiva.


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