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- (FUMARC 2013)
Ciência para todos? A divulgação científica em museus
Daniel Maurício Viana de Souza
Os museus de ciência vêm se tornando objeto de discussões cada vez mais recorrentes, considerando, sobretudo, a implementação de exposições e seu potencial para estabelecer inter-relações com o contexto social. O foco central do interesse que se volta a tais museus fundamenta-se na divulgação científica, que, diante do incremento de novas estratégias expositivas que primam pela interatividade, possibilitaria maior participação do público não cientista, permitindo-lhe haurir uma percepção satisfatória de fatos, fenômenos e significados da atividade científica.
A divulgação científica opera a partir de um repertório de ações voltadas à comunicação de avanços teóricos e tecnológicos para um público amplo e, via de regra, não especializado. Na qualidade de ambientes propícios à divulgação científica, as exposições museológicas sustentariam, todavia, perspectivas que pouco ofereceriam ao público em termos de reflexões e debates acerca das complexas relações de interesses inerentes aos processos de produção da ciência.
A falta de maiores considerações acerca de tais aspectos, presentes não somente na construção da Ciência, mas de todo o conhecimento humano e de suas relações com o meio social no qual se desenvolve, aponta para uma divulgação que faculta um acesso apenas parcial à informação. A devida atenção ao caráter processual da ciência permitiria maior precisão e clareza na criação de universos de significação, balizando uma memória cultural na qual seria possível o acesso não apenas às “maravilhas” concebidas pelo desenvolvimento humano, mas também aos mais variados tipos de disputas e contradições que atravessam, direcionam e modelam esse percurso.
No âmbito da divulgação científica, determinadas vertentes ou linguagens comunicacionais acabam por contribuir para a construção de um tipo de representação do conhecimento científico que reforça a imagem de que um discurso dogmático da ciência seria o único saber possível e verdadeiro. A questão da recodificação da linguagem científica em um tipo de elocução mais acessível aos não especialistas, com vistas à construção narrativa da divulgação da ciência, levaria a refletir, dessa maneira, sobre a possibilidade efetiva de popularizar amplamente aspectos da atividade e da produção científica, tão proximamente quanto possível da realidade tal como ela é. Na história da Ciência, é lídimo indagar até que ponto a simbologia humana é capaz de descrever a essência dos fenômenos naturais. Por sua vez, considerando não haver formas de tradução objetivas, nem tampouco desinteressadas, a comunicação científica, ao buscar traduzir conteúdos específicos em linguagem comum, deve ter o cuidado de não distorcer a mensagem, se quiser de fato chegar ao público.
Ao tratarem de fenômenos e de pressupostos científicos, os curadores desses espaços utilizam elementos materiais diversos para implementar a comunicação com o público visitante. Nesses redutos de encontro do laico com o especializado, as peças informacionais advindas de premissas do conhecimento científico encontram na exposição museológica um meio peculiar para a divulgação científica, característica que se deve à ênfase e à instrumentalização dadas ao objeto musealizado. A afirmação de que os museus de ciência devem levar a conhecer não só o resultado, mas também os procedimentos da pesquisa científica, bem como os conceitos teóricos nela envolvidos, encontra-se intrinsecamente vinculada às perspectivas de transferência da informação nos espaços museológicos e, espera-se, deve envolver toda a comunidade.
Os museus de ciência, dessa maneira, vêm atuando como espaços de preservação, gestão e divulgação científica por meio de suas exposições, constituindo loci para a construção de significados que, de certo modo, contribuiriam para delinear, perante a sociedade, os contornos da memória científica. A partir dessa perspectiva, haveria questões fundamentais que apontariam para uma ligação estreita entre os aspectos ideológicos de estabelecimento e de afirmação de relações desiguais de interesses e a informação construída e ressignificada através dos objetos expostos na qualidade de representantes legítimos, ainda que de forma parcial e fragmentada, do patrimônio científico.
Ciência da Informação , v. 40, n. 2, p. 256-265, maio/ago. 2011.
A alternativa em que o papel desempenhado pelo termo sublinhado no primeiro fragmento é diferente daquele desempenhado pelo termo em destaque no segundo fragmento é:
A)
I. O foco central do interesse que se volta a tais museus fundamenta-se na divulgação científica, que, diante do incremento [...]. [linhas 2-4]
II. […] devem proporcionar acesso não só ao resultado, mas também aos procedimentos da pesquisa científica , bem como aos conceitos teóricos nela envolvidos [...]. [linhas 33-35]
B)
I. […] possibilitaria maior participação do público não cientista , permitindo-lhe haurir uma percepção satisfatória de fatos [...]. [linhas 4-5]
II. Na história da Ciência, é lídimo indagar até que ponto a simbologia humana é capaz de descrever a essência dos fenômenos naturais […]. [linhas 24-26]
C)
I. [...] as exposições museológicas sustentariam, todavia, perspectivas que pouco ofereceriam a o público em termos de reflexões e debates [...]. [linhas 9-10]
II. A devida atenção a o caráter processual da ciência permitiria maior precisão e clareza na criança de universos de significação [...]. [linhas 14-15]
D)
I. […] balizando uma memória cultural na qual seria possível o acesso não só às “maravilhas” concebidas pelo desenvolvimento humano [...]. [linhas 15-16]
II. […] que reforça a imagem de que um discurso dogmático da ciência seria o único saber possível e verdadeiro [...]. [linhas 20-21]
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