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EXERCÍCIOS - Exercício 14

  • (LEGALLE Concursos 2014)

A NAU AVARIADA

LYA LUFT

No artigo anterior escrevi sobre o desejo (ingênuo) de união, uma vez que estamos todos neste grande navio onde nada funciona bem: economia, saúde, educação, infraestrutura, honradez e confiança nas instituições. De vez em quando é bom permitir-se um desejo inocente. A realidade, porém, é outra, disso todos sabemos, sobretudo quem inventa artifícios para se firmar em seu posto, como dizer que está tudo muito bem.

Está tudo periclitando: dois dos pilares de uma nação soberana são confiança e verdade — estas estão gravemente abaladas no Brasil. Agora mesmo começam ___ medidas que, segundo tantos, seriam tomadas pela oposição caso ela vencesse: cortes e aumentos. O povo pobre, cansado, exaurido e iludido, ...... não tinha como prever isso, agora paga ___ alta conta. E diz, suspirando: "Vamos tocar em frente". Também se afirma que puseram fim ___ pobreza no país, a miséria já não existe: um dos recursos foi inventar que todo aquele que ganha acima de 300 reais por mês é classe média. Sem comentários.

Outra base é a liberdade: uma nação não é soberana se os cidadãos não podem se expressar sem medo de repressão. Ofensas graves podem ser cobradas. Porém, a repetida intenção de regulamentar, isto é, amordaçar, a imprensa revela um autoritarismo impensável numa democracia. A esperança é que o Congresso impeça isso a qualquer custo, incluindo aí vozes honradas e fortes de todos os partidos, ou estaremos fora das nações ditas livres.

Mais um pilar desse fundamento de muitas pernas é a educação, ...... falo e escrevo há tantos anos. Raramente comento algum livro: estou do lado de cá do balcão, escrevo livros, não os estudo nem critico, isso deixo para especialistas ou colegas que o saibam fazer. Mas sugiro minha leitura destes dias: As Crianças Mais Inteligentes do Mundo, de Amanda Ripley. Uma experiente jornalista americana acompanhou por um bom tempo três alunos de 2o grau que foram estudar na Finlândia, Coreia do Sul e Polônia. Nesses países estavam os estudantes que mais se destacavam num critério estabelecido mundialmente, o chamado Pisa, que avalia o grau de excelência do ensino em várias nações. O resultado foi que nesses três lugares estavam os melhores alunos, o melhor ensino, os melhores professores, ganhando até de países mais ricos, como os Estados Unidos.

O que os distinguia? Resumindo: rigor. Palavra que nos dá arrepios, nós que somos do "deixa pra lá", "toca em frente", "Deus quis assim", e por aí vai. Rigor significa, nesses casos, primeiro, alta valorização dos professores, muito exigidos na sua preparação, muito estimulados e, consequentemente, muito respeitados e bem pagos. O cargo de professor é tão valorizado como a profissão de médico. Portanto, professores satisfeitos, competentes, que por sua vez vão ser exigentes com seus alunos.

Isso não significa frios, cruéis, carrascos, mas respeitosos: só respeito aquele ...... posso exigir algo dentro do possível. Assim, alunos se esforçam, orgulham-se de suas notas, gostam de estudar e trabalhar. Nessas escolas o aluno mais apreciado não é o melhor esportista nem o mais popular, mas o melhor no estudo e na compostura. ___ uma competição saudável e alegre no trabalho pelo futuro pessoal.

Aqui, ...... o estudo é cada vez mais fraco, um deputado propõe que se retire das escolas o ensino do inglês; uma alta autoridade sugere o mesmo para "matérias inúteis como filosofia e sociologia, pois os alunos já estudam demais".

Um dado surpreende no citado livro: excelência não tem a ver com raça nem riqueza. Mas não se pode aplicar nada disso ...... reinam miséria e descaso, como revelam frequentes reportagens no Brasil sobre lugares sem escola, escola sem assoalho, sem cadeiras nem mesas, sem material escolar e sem comida para as crianças. Perguntaram a um menininho o que ele mais queria poder comer na escola.

Ele disse, baixinho: "Arroz".

___ outros pilares para estabelecer uma nação soberana e livre, enquanto nós aqui afundamos na omissão e na resignada mediocridade. Merecíamos mais.

Revista VEJA, publicação de 19/11/2014, adaptado.


De acordo com o texto:

I) O pronome “estas” (2º parágrafo) funciona como elemento de coesão catafórica.

II) No 2º parágrafo, ao escrever “sem comentários”, Lya Luft revela uma visão otimista acerca da situação atual do Brasil.

III) No 7º parágrafo, as aspas foram usadas para marcar a fala de outrem, no caso uma autoridade que não foi expressamente apresentada no texto.

IV) O texto em questão apresenta discurso de base dissertativa injuntiva.

V) A palavra “como”, no quinto parágrafo, classifica-se como conjunção comparativa.

Está(ão) correta(s):




A) Apenas I e III.

B) Apenas a I, III e IV.

C) Apenas a II e V.

D) Apenas III e V.

E) III, IV e V


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