Tem gente que acha homens grisalhos mais
atraentes, mas a maioria das mulheres fica irritada
quando os fios brancos começam a aparecer. O que
determina essa mudança bem-vinda ou odiada é a
genética, tanto que determinadas etnias têm o
privilégio de manter a cor do cabelo por mais tempo.
Segundo o especialista Valcinir Bedin, presidente da
Sociedade Brasileira do Cabelo, os fios brancos
começam a aparecer entre os 35 e 45 anos para os
caucasianos, entre os 45 e 55 anos para os orientais e,
para os negros, somente após os 55 anos. "Começa na
barba, depois nas regiões temporais, a seguir no resto
da cabeça, depois tronco e, finalmente, região genital",
acrescenta o especialista.
Em estudo publicado em 2012 no British
Journal of Dermatology, pesquisadores decidiram
testar o dito popular segundo o qual 50% das pessoas,
aos 50 anos, teriam 50% do cabelo grisalho. Mas os
resultados foram bem mais otimistas: ao avaliar 4.192
homens e mulheres de diferentes etnias, os estudiosos
concluíram que, entre os 45 e os 65 anos, a
intensidade média de fios brancos na cabeça é de 27%.
O que determina?
"O que dá cor à pele e aos pelos é um
pigmento proteico chamado melanina, feito em uma
célula chamada melanócito, cuja distribuição na pele é
bastante variada", ensina Bedin. Com a "receita do
bolo" herdada, cada indivíduo tem uma proporção
específica de eumelaninas (de cor castanha ou preta)
ou feomelaninas (de cor avermelhada ou amarela). Em
geral, os cílios e sobrancelhas são mais escuros que o
cabelo, assim como os pelos pubianos. "A teoria mais
aceita sobre o que faz ficarmos com os cabelos
brancos chama-se apoptose dos melanócitos", explica
Bedin. "Apoptose quer dizer morte celular programada,
isto é, o melanócito, por informações genéticas, deixa
de produzir melanina numa determinada idade."
Cor alterada
Apesar da determinação genética, hormônios
e nutrição também podem interferir na cor dos fios.
"Por isso muitas crianças nascem com os cabelos bem
clarinhos e na puberdade eles escurecem. Isso
também explica porque os cabelos escurecem durante
a gestação e perdem a cor durante dietas muito
restritivas", conta o tricologista. Até alguns
medicamentos ou suplementos de minerais podem
mexer um pouco com a cor dos fios. E ficar no sol com
chá de camomila também pode clarear discretamente
as madeixas, a não ser que seu cabelo seja escuro –
nesse caso, só um cabeleireiro resolve.
Não há nenhuma evidência para vincular o
aparecimento das mechas grisalhas ao estresse, à
dieta ou ao estilo de vida. Mas certas doenças autoimunes,
como vitiligo e alopecia areata (que leva à
calvície) podem danificar células de pigmento e induzir
o envelhecimento dos fios em algumas pessoas. Como
o estresse pode agravar essas condições, nesse caso
o estilo de vida poderia interferir. Bedin faz outra
advertência importante: "Se uma criança apresenta
cabelos brancos ela deve ser pesquisada para se
avaliar se há alguma doença associada a este fato
(como incapacidade de absorver cobre, por exemplo)".
Dá para adiar?
Infelizmente, não há nenhum tratamento
disponível hoje em dia capaz de adiar o aparecimento
dos fios brancos, ou seja, prolongar a vida dos
melanócitos no bulbo piloso. Mas há diversos
cientistas engajados nisso. Pesquisadores franceses,
com patrocínio de um fabricante de cosméticos, por
exemplo, já produziram alguns agentes que seriam
capazes de imitar uma enzima que atua como
antioxidante natural do bulbo capilar. Em breve, essas
substâncias podem chegar ao mercado, mas o efeito
será apenas preventivo, ou seja, não vai dar para trazer
de volta as células que já morreram.