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EXERCÍCIOS - Exercício 6

  • (FCC 2016)

Aos principais da Bahia chamados os Caramurus

Há coisa como ver um Paiaiá 1

Mui prezado de ser Caramuru,

Descendente do sangue tatu,

Cujo torpe idioma é Cobepá 2 ?

A linha feminina é Carimá 3

Muqueca, pititinga 4 , caruru,

Mingau de puba, vinho de caju

Pisado num pilão de Pirajá.

A masculina é um Aricobé 5 ,

Cuja filha Cobé 6 , c’um branco Pai

Dormiu no promontório de Passé.

O branco é um Marau que veio aqui:

Ela é uma índia de Maré;

Cobepá, Aricobé, Cobé, Pai.

(MATOS, Gregório. Poemas escolhidos . Seleção, introdução e notas de José Miguel Wisnik. São Paulo: Cultrix, 1976, p. 100)

Vocabulário:

1 Paiaiá − Pajé.

2 Cobepá − dialeto da tribo cobé, que habitava as cercanias da cidade.

3 Carimá − bolo feito de mandioca-puba, posta de molho, utilizada para mingau.

4 Pititinga − espécie de peixes pequeninos.

5 Aricobé − cobé (nome de uma tribo de índios progenitores do Paiaiá, a que se refere o poeta).

6 Cobé − palavra que Gregório empregava para designar os descendentes dos indígenas, pois no seu tempo o termo tupi não estava generalizado.

(Referência do vocabulário: SANTOS, Luzia Aparecida Oliva dos. O percurso da indianidade na literatura brasileira : matizes da figuração. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009, p. 303)


Considere o soneto para analisar as afirmativas abaixo.

I. O soneto possui características marcantes no uso dos termos da língua indígena: de um lado, a inserção do léxico tupi metaforiza uma linha constitutiva da cultura brasileira resgatando a presença do índio; de outro, o eixo alto versus baixo, que desmascara a figura do caramuru, mestiço.

II. O soneto obedece ao molde europeu no tocante à forma, mas amplia sua configuração ao inserir o universo linguístico pertencente ao nativo. Com esse recurso, o efeito do poema tira as amarras da seriedade para estabelecer o vinco principal da satírica gregoriana no que lhe compete a agressão às instituições e seus representantes pelo viés lúdico, trocando a convenção pela contestação.

III. As expressões “Descendente do sangue tatu (v.3)” e “Cujo torpe idioma é cobepá? (v.4)” assumem a duplicidade de função em seu significado por estarem indissoluvelmente ligadas aos elementos caracterizadores de ambas as culturas: o fidalgo possui “sangue de tatu” e seu idioma é “torpe”, “cobepá”.

IV. O último verso revela que a verdadeira origem dos principais da Bahia está na nobreza de sangue azul dos europeus. Como se pode notar, o nome Paiaiá, representante nato do sangue indígena, não é colocado entre os que nomeiam simbolicamente os descendentes.

Está correto o que se afirma APENAS em




A) I e II.

B) III e IV.

C) II, III e IV.

D) I, II e III.

E) I e IV.


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