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- (FUNCAB 2016)
Como seremos amanhã?
Estar aberto às novidades é estar vivo.
Fechar-se a elas é morrer estando vivo. Um certo
equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser
antiquado demais nem ser superavançadinho,
correndo o perigo de confusões ou ridículo.
Sempre me fascinaram as mudanças - às
vezes avanço, às vezes retorno à caverna. Hoje
andam incrivelmente rápidas, atingindo usos e
costumes, ciência e tecnologia, com reflexos nas
mais sofisticadas e nas menores coisas com que
lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas
penso que não no mesmo ritmo; então, de vez em
quando nos pegamos dizendo, como nossas mães
ou avós tanto tempo atrás: “Nossa! Como tudo
mudou!”
Nos usos e costumes a coisa é séria e nos
afeta a todos: crianças muito precocemente
sexualizadas pela moda, pela televisão, muitas vezes
por mães alienadas. [...]
Na saúde, acho que melhorou. Sou de uma
infância sem antibióticos. A gente sobrevivia sob os
cuidados de mãe, pai, avó, médico de família, aquele
que atendia do parto à cirurgia mais complexa para
aqueles dias. Dieta, que hoje se tornou obsessão, era
impensável, sobretudo para crianças, e eu pré-
adolescente gordinha, não podia nem falar em
“regime” que minha mãe arrancava os cabelos e o
médico sacudia a cabeça: “Nem pensar”.
Em breve estaremos menos doentes: célula-tronco
e chips vão nos consertar de imediato, ou
evitar os males. Teremos de descobrir o que fazer
com tanto tempo de vida a mais que nos será
concedido... [...]
Quem sabe nos mataremos menos, se as
drogas forem controladas e a miséria extinta. Não
creio em igualdade, mas em dignidade para todos.
Talvez haja menos guerras, porque de alguma forma
seremos menos violentos.
[...]
As crianças terão outras memórias, outras
brincadeiras, outras alegrias; os adultos, novas
sensações e possibilidades. Mas as emoções
humanas, estas eu penso que vão demorar a mudar.
Todos vão continuar querendo mais ou menos o
mesmo: afeto, presença, sentido para a vida, alegria.
Desta, por mais modernos, avançados, biônicos,
quânticos, incríveis, não podemos esquecer. Ou não
valerá a pena nem um só ano a mais, saúde a mais,
brinquedinhos a mais. Seremos uns robôs cinzentos
e sem graça!
Lya Luft, Veja. São Paulo, 2 de março, 2011, p.24
Assinale a opção em que a classe gramatical da palavra ou locução destacada foi corretamente indicada entre parênteses.
A) “ÀS VEZES avanço” (locução adverbial de modo)
B) "Um CERTO equilíbrio entre duas atitudes ajuda” (pronome indefinido)
C) "HOJE andam incrivelmente rápidas (substantivo)
D) " correndo o perigo de confusões ou RIDÍCULO" (adjetivo)
E) " MUITAS vezes por mães alienadas ."( advérbio de intensidade)
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